Modas, calos e cetins: os sapatos como símbolos distintivos no Rio de Janeiro do século XIX
DOI:
https://doi.org/10.22398/2525-2828.513104-123Resumo
O século XIX foi um período rico em mudanças sociais, econômicas e políticas no Brasil e no mundo. Durante o seu percurso, instituições e normas sociais herdeiras do Antigo Regime se depararam com a ascensão de valores característicos da Idade Moderna, tais como individualidade, liberdade, cidadania. O presente artigo explora, a partir do caso dos sapatos comercializados e utilizados no Rio de Janeiro, as diferentes negociações e conflitos entre os valores tradicionais e modernos, incluindo a posição de “colônia” e uma concepção local de “civilização”.O período abarcado pelo trabalho consiste majoritariamente na chegada da Corte portuguesa, em 1808, e o final do século. Utilizou-se dados secundários como principal fonte de análise. Conclui-se que os sapatos ilustram e narram perspectivas sobre questões importantes da época, como posição social e hierarquia, distinção entre “rotina” e “ocasião”, estrutura comercial e de trabalho (no caso dos sapateiros), e há indícios de seu uso numa trama cultural própria ao Rio de Janeiro, servindo de mediador entre espaços públicos e privados. Além de colocar luz à tensão existente em uma sociedade que procura se distinguir sob moldes civilizatórios bastante fundados em uma perspectiva européia ao mesmo tempo em que se depara com as marcas da escravidão.
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